sábado, 31 de outubro de 2015

MULHERES DA REFORMA - Elisabeth Cruciger

Elisabeth Cruciger, poetisa

Elisabeth Cruciger


Em 2017 estaremos comemorando os 500 anos do Movimento da Reforma. Quando ouvimos ou lemos sobre a Reforma, geralmente os primeiros nomes que aparecem são Lutero, Calvino, Zwínglio. Infelizmente, as histórias das mulheres da Reforma foram silenciadas e invisibilizadas.
Elisabeth von Meseritz, a primeira poetisa e compositora do protestantismo, nasceu em 1500 na Pomerânia, na divisa entre a Alemanha e a Polônia. Muito cedo, ela foi para o Convento Irmãs de Maria da ordem dos Premonstratense em Treptow junto ao Rio Rega. Sabe-se que o convento era um dos únicos lugares que oferecia educação para as mulheres. Lá elas aprendiam a ler, escrever, matemática, música  e tinham também a oportunidade de aprender a língua cúltica da época, o latim. Tem-se notícias que Elisabeth trocou correspondências de cunho teológico com um judeu batizado, chamado Joaquim de Stettin. Em 1522 ela deixa o Convento e foi recebida na casa de João Bugenhagen, em Wittenberg. Lá ela conheceu o aluno e colaborador de Lutero, Gaspar Cruciger, com quem se casou em 1524, marcando oficialmente o primeiro casamento protestante (uma ex-freira e um professor/pastor). Ela deu a luz a um filho e a uma filha. As famílias Cruciger e Lutero mantiveram uma forte amizade.
Provavelmente, ela também esteve envolvida nas discussões teológicas nas “conversas à mesa”. Elisabeth faleceu em 1535.
No ano do seu casamento, em 1524, Elisabeth escreveu o primeiro hino protestante que se encontra no hinário oficial da Igreja Evangélica da Alemanha n. 67, sendo cantado no último domingo de Epifania. O hino composto por Elisabeth demonstra também conhecimento da Bíblia, o que era muito importante no movimento da Reforma. Por exemplo, ela chama Cristo de estrela da manhã. Isso faz referência ao texto bíblico de Apocalipse 22.6. A mensagem deste hino afirma que a fé crista não é apenas um ato de compreensão intelectual, mas um movimento do coração, voltado não para o céu distante, mas para uma espiritualidade engajada na vida concreta. Quem sabe, brota em nós o compromisso de recuperar este profundo hino da primeira poetisa e compositora protestante no hinário oficial da IECLB.
Pa. Dra. CLAUDETE BEISE ULRICH *
FONTE: JORNAL O CAMINHO

Elisabeth Cruciger era de Pomerânia e passou um tempo no convento em Treptow em Rega. Ela deixou o convento em 1522 ou 1523 e se casou com Caspar Cruciger em 1524, que marcou o primeiro casamento oficial protestante.
Ela era amiga de Katharina von Bora. Elizabeth estava envolvida em discussões teológicas nas "conversas de mesa"
Lutero e Felipe Melanchthon a consideravam uma mulher brilhante. Ela foi a primeira mulher poetisa da reforma.
No ano do seu casamento, ela escreveu o primeiro hino protestante que se encontra no hinário evangélico aqui na Alemanha - hino 67, sendo cantado no final do tempo de Epifania.
O fato de Elisabeth ser compositora criou uma polêmica, pois as mulheres neste período não eram reconhecidas como poetisas e compositoras. Importante lembrar que em 1530 Lutero afirmou que depois da teologia ele amava a música... a música que faz acalmar a dor.
A mensagem do texto e da música afirmam que a fé crista não é apenas um ato de compreensão intelectual, mas sempre um movimento do coração. Portanto a fé crista tem a ver com todo o ser e com o cotidiano da vida.
Hino de Elisabeth em alemão.
1) Herr Christ, der einig Gotts Sohn, / Vaters in Ewigkeit,/
aus seim Herzen entsprossen, / gleichwie geschrieben steht, /
er ist der Morgensterne, / sein Glänzen streckt er ferne /
vor andern Sternen klar;
2) für uns ein Mensch geboren / im letzten Teil der Zeit, /
dass wir nicht wärn verloren vor Gott in Ewigkeit,/
den Tod für uns zerbrochen, / den Himmel aufgeschlossen, /
das Leben wiederbracht:
3) lass uns in deiner Liebe / und Kenntnis nehmen zu, /
dass wir im Glauben bleiben, / dir dienen im Geist so, /
dass wir hier mögen schmecken, / dein Süßigkeit im Herzen /
und dürsten stets nach dir.
4) Du Schöpfer aller Dinge, / du väterliche Kraft, /
regierst von End zu Ende / kräftig aus eigner Macht. /
Das Herz uns zu dir wende / und kehr ab unsre Sinne, /
dass sie nicht irrn von dir.
5) Ertöt uns durch dein Güte, / erweck uns durch dein Gnad. /
Den alten Menschen kränke, / dass er neu' leben mag /
und hier auf dieser Erden / den Sinn und alls Begehren /
und G'danken hab zu dir.

Uma possível tradução:
Senhor Jesus Cristo, o único Filho de Deus , / Pai em eternidade /
Do seu coração brotou, / como está escrito, /
ele é a estrela da manhã,/ a sua luz brilha até os lugares mais distantes
clara muito além das outras estrelas;
Nascido para nós como ser humano, /quando completou-se o tempo /
Para que nós não ficássemos perdidos na eternidade /
Até a morte para nós aniquilou, / o céu ele abriu /
A vida de volta foi trazida:
Deixa-nos em teu amor / e que teu conhecimento tome conta, /
que nós permaneçamos na fé, / e que te sirvamos em Espírito /
que nós possamos aqui sentir o gosto / da doçura do teu coração /
sendo sempre sedentos de Ti.
Tu criador de todas as coisas,/ Tu força paterna
governas de eternidade a eternidade,/poderoso a partir do teu próprio poder.
Dirige nossos corações a ti/ e transforma os nossos sentimentos
Para que não nos apartemos de Ti.
Mata-nos com a tua bondade,/ acorda-nos com tua Graça.
O velho ser humano adoece, /para que o novo possa viver.
E aqui nesta terra/ que a mente, todos os desejos
e pensamentos sejam levados para Ti.

(Tradução Claudete Beise Ulrich - novembro 2012 – Hamburgo)

Nenhum comentário:

Postar um comentário