O anel de Tucum
surgiu no Império do Brasil, quando a realeza usava joias caras enquanto os
escravos e índios, sem condições de comprar uma joia, criaram o tão conhecido
anel de Tucum.
Tucum para quem não
sabe é uma palmeira bem comum na Amazônia, esse material acabou se tornando um
símbolo de amizade, pactos matrimoniais e também, de resistência.
O anel de tucum é
um símbolo usado por aqueles e aquelas que acreditam no compromisso preferencial
das Igrejas com os pobres. O objetivo é resgatar este compromisso e denunciar
as causas da pobreza. Este é o compromisso simbolizado nesta aliança, já que
tanto no Antigo quanto no Novo Testamento os profetas e apóstolos afirmam a
fidelidade de Deus aos pobres e oprimidos.
A aliança de tucum
é o sinal desta fidelidade, deste compromisso. Além da Bíblia, a opção pelos
pobres é testemunhada também por toda a tradição da Igreja, principalmente na
América Latina, a partir do Concílio Vaticano II e das Conferências dos Bispos
em Puebla e Medellín e confirmada por outras conferências. Esta opção é a
essência mesmo da vida cristã porque está ligada à imitação da vida de Cristo.
Mas esta opção não é apenas uma responsabilidade individual. Neste momento da
história, ela implica um compromisso social que está ligado à partilha e acesso
à propriedade dos bens absolutamente necessários à vida. Deus está do lado dos
pobres porque Deus ama os pobres. Por isso a pessoa cristã é chamada a seguir
este mesmo exemplo de amor e opção preferencial que tenta promover a dignidade
humana. No pobre revela-se o rosto do próprio Deus (Mateus 25.40).
No filme do “Anel
de Tucum", Dom Pedro Casaldáliga explica assim o sentido desta aliança:
“(...) Este anel é feito a partir de uma
palmeira da Amazônia. É sinal da aliança com a causa indígena e com as causas
populares. Quem carrega esse anel significa que assumiu essas causas e, as suas
consequências. Você toparia usar o anel? Olha, isso compromete, viu? Muitos,
por causa deste compromisso foram até a morte (...)".
Trata-se, pois, de
uma aliança popular, de um pacto por fazer tudo que estiver ao alcance, como
indivíduo e como ser social, para levar adiante a reivindicação de direitos e a
esperança por um mundo realmente humano e fraterno. É a força e a importância
do anel de tucum, que se carrega no dedo e, principalmente, no coração, no
cotidiano de nossas vidas...
Eram diversos e
variados os rituais para celebrar uma aliança. Os mais simples eram: apertar a
mão um do outro, dar um presente, trocar de veste ou de armas.
Conforme a tradição
bíblica, Deus celebrou várias alianças com seu povo ao longo da história,
culminando na pessoa de Jesus de Nazaré. Desde então os seus seguidores e
seguidoras passaram a falar em antiga e nova aliança. Assim como a antiga
aliança foi constituída pelo sangue dos animais sacrificados (Êxodo 24.8), a
nova aliança foi constituída pelo sangue de Jesus Cristo (Hebreus 9.11-20; 10.1-18).
No rastro dessa
tradição, renasce o simbolismo da Aliança no Anel de Tucum, extraído de uma
palmeira da Amazônia, cheia de espinhos, o símbolo do compromisso e da aliança
com as causas das pessoas oprimidas, excluídas e marginalizadas - e suas lutas
por libertação.
Foi na década de 70
que o CIMI (Conselho Indigenista Missionário) adotou e divulgou o Anel de
Tucum, hoje usado no mundo inteiro por quem assume a luta pelas causas
populares, misturando-se com a sorte dos pobres da terra.
As causas de ontem
se encontram com as causas de hoje. Nossas lutas mudaram de cenários e nomes e
as pessoas pobres ainda continuam excluídas e oprimidas. Por isso, o anel de
Tucum quer simbolizar uma fé engajada, um compromisso com as pessoas pobres,
com as pessoas sem voz e sem vez, um compromisso com a VIDA!
Jesus nos revela
que Deus está ao lado das pessoas pobres e quer promover sua dignidade, no
rosto da pessoa pobre encontramos o rosto de Deus. “Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes a um destes meus
pequeninos irmãos, a mim o fizeste” (Mateus 25.40). Portanto, se nos
comprometemos às causas dos preferidos e preferidas de Deus é com Ele que nos
comprometemos!
Esse símbolo foi
bem escolhido, pois assim como é penoso fazer o anel de tucum, também é árdua a
luta por dignidade, vida, esperança e paz.
Fonte: Facebook
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