E agora? De volta a sua casa, José lembrava: César,
recenseamento, alistar-se na cidade em que nascera... Bem agora que Maria
estava nos últimos tempos de sua gravidez!
Em silêncio, maldisse o imperador e seu império. Mais uma
vez percebia a desgraça de viver em um país ocupado e governado por
estrangeiros bem armados, que traziam a paz pela espada. Contudo, não havia o
que fazer. Rebelar-se podia facilmente significar a morte. E não era hora de
morrer, quando um filho estava por nascer.
Contou a Maria o que estava por vir. Teriam que viajar até
Belém! Uma distância enorme, subindo e descendo montes, ele a pé, ela montada
no jumento que possuíam. E era a estação das chuvas: terreno molhado e
lamacento em meio às pedras. – Em tempo normal, uma pessoa podia andar pouco
mais que 22 milhas por dia. Até Belém, teriam que percorrer pouco mais que 233
milhas. Na melhor das hipóteses, poderiam percorrer a distância em 11 dias. Sem
esquecer que ela estava grávida.
Ele procurou o pequeno baú, no qual estavam as moedas que
guardava para eventualidades. Certamente teriam que pernoitar em pousadas.
Havia o suficiente. Depois, foi até o curral, para ver como estava o
jumento.
Maria preocupou-se em cozer pães ázimos para essa longa
viagem. Precisava também assar alguns pedaços de carne de cordeiro. Depois,
começou a juntar o azeite, o vinho e o queijo de cabra e o que mais faltasse,
especialmente um bom odre com água para o primeiro dia.
Deitou-se em seguida, não sem antes orar a Javé, pedindo
proteção e bênção para essa empreitada.
A jornada começaria em dois dias, assim que José conversasse
com Benjamin, o vizinho amigo que tomaria conta da casa enquanto estivessem
fora.
P. Carlos Arthur Dreher
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