40 dias
A festa acabou. Foi boa a festa. A alegria tomou conta da
cidade. Carnaval é a explosão máxima da alegria coletiva. Mas a festa acabou.
Começa um novo tempo, um tempo de purificação, de reflexão,
de preparação e de partilha. Não, não é por arrependimento pela festa. Fosse só
isso, bastaria sentar nas cinzas na quarta-feira, como fez o rei de Nínive na
história de Jonas. Porém é mais.
Quaresma é tempo de purificação, reflexão e preparação para
receber aquele que vem a nós na Cruz e na Ressurreição, na Sexta-feira Santa e
no Domingo de Páscoa. Aí, sim, vale o grito de João Batista: “Voz do que
clama: No deserto preparai o caminho do Senhor, endireitais as suas veredas!”.
Nada melhor para preparar o caminho e endireitar as veredas
do que o jejum. Só que jejum não é dieta, não é regime para emagrecer. Jejum é
solidariedade. O que deixo de comer, ou o que deixo de gastar com qualquer
outra coisa sobra para ser dado a quem nada tem. Abro mão de algo que é meu
para dá-lo a quem pouco ou nada tem. É prática do Reino de Deus.
São só 40 dias. Deveria ser o tempo todo, para que ninguém
passasse fome ou qualquer tipo de necessidade. Porém, são 40 dias para
experimentar uma nova prática de vida.
E com uma vantagem. É só contar os dias entre Quarta-feira
de Cinzas e Domingo de Páscoa para notar. O jejum só conta de segunda a
sábado. O domingo não pode ser dia de jejum, pois é o dia que nos lembra da
Ressurreição do Senhor. Domingo, mesmo na Quaresma, é dia de alegria, dia de
festa, dia sem jejum.
Pela tradição judaica, o dia começa no fim da tarde. Digamos
que lá pelas 18 h. Assim, os 40 dias cumprem sempre intervalos entre as 18 h de
domingo e as 18 h do próximo sábado. No espaço entre 18 h de sábado e 18 h de
domingo, porém, não há jejum.
Só não dá pra esquecer: o jejum verdadeiro é o que dá ao
pobre aquilo que se deixou de consumir.
P. Carlos Arthur Dreher - março 2014
P. Carlos Arthur Dreher - março 2014
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