A Páscoa é uma explosão
de alegria. E uma profusão de futuro. As mulheres, que se dirigiram ao túmulo
de Jesus para embalsamá-lo, encontram o túmulo vazio e ouvem a mensagem
angelical: “Por que procuram entre os mortos aquele que vive.” Não que Jesus
não tivesse estado entre os mortos. O Credo Apostólico contém entre as suas
confissões também esta: “Desceu ao mundo dos mortos.” O amor de Deus não seria
verdadeiramente universal se não abrangesse também
os mortos.
No entanto, Jesus já não se encontra mais entre os mortos. Com ele, há
uma impressionante irrupção da vida em meio à realidade sofrimento, mal,
injustiça e morte. Coisas absolutamente inusitadas começam a ocorrer. Começa
pela fantástica dignificação das mulheres. Seu testemunho, na cultura e no
sistema da época, não tinha validade legal. Elas não eram consideradas
confiáveis. Pois são elas as primeiras testemunhas da ressurreição de Jesus. E
passam a proclamá-la, o que deixou os discípulos diante de extraordinário
desafio: “Vocês, homens, escutem as mulheres. Abandonem os preconceitos
estabelecidos e acreditem na palavra delas.” Que exortação chocante! Que
exortação libertadora! Maravilha de Deus!
Páscoa é também uma radical mudança de perspectiva. Não ter mais o olhar
voltado para trás, mas sim para frente. Coisas novas e surpreendentes poderão
continuar acontecendo. Não que o mundo todo tenha se transformado em bom. As
causas da dor, a crucificação de Jesus, ainda estão bem presentes. Ainda hoje,
é óbvio, há desigualdades, também conspirações, artimanhas políticas e
incursões militares. Há injustiças e violências. O mal não desapareceu como que
por milagre. Mas o olhar de quem passa a crer percebe agora o que está por vir:
a justiça de Deus, o reino de Deus. Assim, discípulos atormentados e
desesperados, recebem novo ânimo. Quem crê na ressurreição de Jesus já não se
perde na desesperança, não se deixa levar pelo desânimo, não se resigna com o
mal. Mas encontra uma inusitada liberdade para viver a esperança, testemunhar a
fé e ser instrumentos do amor, sempre pronto a olhar ao redor, para detectar
quem mais sofre, quem mais padece necessidades, quem mais está subjugado por
injustiças, que mais carece de fé.
Daí a alegria pascal.
P. Walter Altmann - março 2016
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