quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

PRESÉPIOS


Presépios universalizam a história do Natal. Em milhares de formatos e concepções, a história de José, Maria e Jesus, rodeados de estranhos curiosos, é reproduzida de forma criativa e contextualizada mundo afora. Alvos como europeus, achocolatados como africanos ou de olhos puxados como asiáticos, em grutas, ranchos, choças de palha ou iglus. O cenário é sempre o mesmo, com a doce Maria admirando seu rebento... com José, o pai zeloso e esquecido, um dos primeiros homens a estar presente e ativo no parto do seu filho... Ambos velam os primeiros momentos do Deus em forma de menino, tão carente de cuidados como qualquer recém-nascido. Os estranhos curiosos assumem os rostos culturais do lugar da representação com seus problemas, crises, desejos, sonhos, expectativas.
















“Deus veio neste menino, também para mim” é o pensamento de todos e todas ali, naquela representação. Presépios são prédicas. Presépios são atualizações permanentes dessa história de salvação. Presépios são o espaço sagrado em que a terra e o céu se tocam, se fundem, se unem numa única realidade de esperança e salvação.



Presépios continuam se concretizando também hoje. Num campo de refugiados sírios, onde crianças vêm ao mundo a caminho, em lugar estranho como uma estrebaria, onde um colchão doado vira manjedoura e os reis magos se reencarnam em doadores anônimos, que levam o primeiro enxoval para a criança, uma cesta básica para a família peregrina e uma garantia de asilo para recomeçar em nova pátria. Estranhos em volta, como os pastores em Belém, admiram o pequeno filho de refugiados que vem ao mundo como sinal de novidade... não... como Deus mesmo, presente entre nós.
















Presépios continuam a surgir a cada momento bem perto de nós, na favela da Rocinha no Rio, no sertão paraibano, no Aglomerado da Serra em BH, no Morro da Cruz em Floripa, na Sol Nascente em Ceilândia, no Bonja em Porto Alegre ou no Morro do Coripós em Blumenau. Presépios aparecem todos os dias bem diante das nossas portas. Cabe-nos descobrir onde estão. Quem tem olhos para ver, verá neles o menino-Deus que vem a nós.



P. Clóvis Horst Lindner



Nenhum comentário:

Postar um comentário