terça-feira, 26 de novembro de 2019

Biscoito de Goiaba


Li e gostei... Compartilhando... Bonito ensinamento...



Criei o costume de toda semana comprar biscoito com goiabada na padaria perto daqui de casa. Comê-lo bebendo um café sem açúcar tornou-se, sem exagero, um dos momentos mais deliciosos da semana. Mas a goiabada me incomodava. Não necessariamente ela, mas sua pouca quantidade. Era um pingo no meio do biscoito. 

Reclamei na padaria, chamei o padeiro de usura e tudo mais. 

Outro dia, voltando do trabalho, passei pela padaria e, pra minha sorte, disseram que havia um biscoito especial pra mim. Lá estava, o meu sonho num biscoito de um real. Quase que completamente coberto de goiabada. 

Chegando em casa, preparado o café e toda a ritualística necessária para consumir o apetecível biscoito, ocorreu que não comi nem a metade. Enjoei na segunda mordida. Doce demais, chegava a dar náuseas. 

Dia seguinte, cheguei na padaria e lá estava: outro biscoito coberto de goiabada. Me ofereceram e, por vergonha de dizer que odiei o do dia anterior, comprei. Em casa, raspei a goiabada e comi. 

O problema, o inferno, não era a goiabada nem o padeiro, era eu. Fui eu quem, amando o que amava, queria do meu jeito, sem entender que eu gostava era do jeito que era, porque se do meu jeito fosse, eu rejeitaria, enjoaria e até tentaria fazê-lo voltar a ser como era. 

Assim fazemos com as pessoas também. No início as amamos como são, depois que estão conosco começamos a criticar, tentamos mudá-las, tentamos "colocar do nosso jeito", sem saber que nosso jeito são nossas projeções, pessoas que não existem, e que se existissem, enjoaríamos delas. 

Transformamos para descartar, porque quando aquela pessoa muda, muito provavelmente quem gostávamos não está mais lá. 

Essa semana voltei à padaria, pedi o biscoito sem goiabada e mandei avisar ao padeiro que a receita original dele é que era a boa e não a minha versão.

Abençoados sejam meus amigos e minhas amigas, cada qual a sua maneira e o seu jeito de ser.


Autor Desconhecido


terça-feira, 12 de novembro de 2019

TRAVESSIA


Travessia é o nome de uma escultura inaugurada no cemitério de Rummelsberg, na Baviera. A obra, do escultor Thomas Reuter, mostra uma canoa rasa sobre a qual está deitada uma pessoa coberta por um lençol. Faz referência à travessia de um rio como simbologia para a morte, presente em muitos mitos de diversas religiões. Ainda que o Cristianismo na verdade não tenha se apropriado desta simbologia, ela é bem apropriada como forma de falar de morte no sentido bíblico. Mostra que o caminho da morte é determinado por Deus para todos e todas nós, mas ele não é um caminho em direção ao nada. É uma travessia. Do outro lado, há uma "margem" esperando. A pessoa coberta por um lençol dentro do barco representa todos e todas nós, já que essa travessia está no horizonte de cada pessoa. 

Desde o começo da nossa vida enfrentamos “travessias”, que requerem despedidas, exigem muitas forças e trazem mudanças consigo. A nossa vida começa com a travessia do ventre materno para a primeira (e dolorida) lufada de ar. E durante todo nosso trajeto passamos de uma fase de vida à outra, com constantes despedidas e novas “lufadas doloridas”. Quem segura nossa mão na última travessia é Cristo, o doador da vida. Por isso, acima da escultura do barco está uma escultura do Cristo ressurreto.

(Clovis Horst Lindner)

sábado, 9 de novembro de 2019

O MAIOR TESOURO





Certa vez, um homem caminhava pela praia numa noite de lua a cheia. Pensava desta forma: se tivesse um carro novo, seria feliz; Se tivesse uma casa grande, seria feliz; Se tivesse um excelente trabalho, seria feliz; Se tivesse uma parceira perfeita, seria feliz, Quando tropeçou com uma sacolinha cheia de pedras. Ele começou a jogar as pedrinhas uma a uma no mar cada vez que dizia: Seria feliz se tivesse...

Assim o fez até que somente ficou com uma pedrinha na sacolinha, que decidiu guardá-la. Ao chegar em casa percebeu que aquela pedrinha tratava-se de um diamante muito valioso. Você imagina quantos diamantes ele jogou ao mar sem parar para pensar?

Assim são as pessoas... Jogam fora seus preciosos tesouros por estarem esperando o que acreditam ser perfeito ou sonhando e desejando o que não têm, sem dar valor ao que têm perto delas. Se olhassem ao redor, parando para observar, perceberiam quão afortunadas são. Muito perto de si está sua felicidade. Cada pedrinha deve ser observada... Pode ser um diamante valioso. Cada um de nossos dias pode ser considerado um diamante precioso, valioso e insubstituível. Depende de você aproveitá-lo ou lançá-lo ao mar do esquecimento para nunca mais recuperá-lo. 

Você como anda jogando suas pedrinhas? (que podem ser familiares, pessoas amigas, trabalho e até mesmos seus sonhos).A morte não é a maior perda da vida. A maior perda da vida é o que morre dentro de nós enquanto vivemos.

Autor desconhecido

sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Mensagem do Lápis



Enquanto o menino fazia sua tarefa escolar, seu avô se aproximou e disse:

– Quando você crescer, eu torço para que seja como um LÁPIS.

Intrigado, o menino olhou para o LÁPIS e perguntou ao avô:

– Mas o que o LÁPIS tem de especial?

E foi então que o sábio idoso respondeu:

– Se você observar bem, perceberá que o LÁPIS tem 5 qualidades extraordinárias e, se você conseguir imitá-las, será sempre uma pessoa de paz com o mundo.

Em primeiro lugar, assim como o LÁPIS, você pode fazer grandes coisas, sem esquecer jamais que existe uma mão que guia seus passos. Essa mão se chama Deus. Acredite nele, confie nele, dependa sempre dele.

Em segundo lugar, de vez em quando é preciso parar o que você está escrevendo e usar o apontador. O LÁPIS sofre um pouco, é verdade, mas rapidamente sua ponta estará mais afiada. Também você precisa ser capaz de suportar algumas dores que o tornarão uma pessoa melhor.

Em terceiro lugar, o LÁPIS trabalha sempre junto a uma borracha, para apagar o que não vale a pena. Corrigir algo que fizemos não significa que seja algo ruim, e sim algo importante que precisamos retificar e que nos permite manter-nos no caminho do amor a Deus e aos nossos semelhantes.

Quarta qualidade: olhe bem para o LÁPIS. A principal parte dele não é a madeira nem sua forma, mas a grafite que ele tem dentro. Cuide sempre com muito carinho do que acontece dentro de você, porque é de dentro, do coração, que saem as nossas intenções (cf. Mc 7.21).

A quinta qualidade é importante: o LÁPIS sempre deixa uma marca.  Você precisa saber que tudo o que fizer na vida deixará traços. Procure sempre estar consciente de cada coisa que você fizer.




domingo, 3 de novembro de 2019

Qual o significado e origem do anel de Tucum?




O anel de Tucum surgiu no Império do Brasil, quando a realeza usava joias caras enquanto os escravos e índios, sem condições de comprar uma joia, criaram o tão conhecido anel de Tucum.
Tucum para quem não sabe é uma palmeira bem comum na Amazônia, esse material acabou se tornando um símbolo de amizade, pactos matrimoniais e também, de resistência.
O anel de tucum é um símbolo usado por aqueles e aquelas que acreditam no compromisso preferencial das Igrejas com os pobres. O objetivo é resgatar este compromisso e denunciar as causas da pobreza. Este é o compromisso simbolizado nesta aliança, já que tanto no Antigo quanto no Novo Testamento os profetas e apóstolos afirmam a fidelidade de Deus aos pobres e oprimidos.
A aliança de tucum é o sinal desta fidelidade, deste compromisso. Além da Bíblia, a opção pelos pobres é testemunhada também por toda a tradição da Igreja, principalmente na América Latina, a partir do Concílio Vaticano II e das Conferências dos Bispos em Puebla e Medellín e confirmada por outras conferências. Esta opção é a essência mesmo da vida cristã porque está ligada à imitação da vida de Cristo. Mas esta opção não é apenas uma responsabilidade individual. Neste momento da história, ela implica um compromisso social que está ligado à partilha e acesso à propriedade dos bens absolutamente necessários à vida. Deus está do lado dos pobres porque Deus ama os pobres. Por isso a pessoa cristã é chamada a seguir este mesmo exemplo de amor e opção preferencial que tenta promover a dignidade humana. No pobre revela-se o rosto do próprio Deus (Mateus 25.40).
No filme do “Anel de Tucum", Dom Pedro Casaldáliga explica assim o sentido desta aliança: “(...) Este anel é feito a partir de uma palmeira da Amazônia. É sinal da aliança com a causa indígena e com as causas populares. Quem carrega esse anel significa que assumiu essas causas e, as suas consequências. Você toparia usar o anel? Olha, isso compromete, viu? Muitos, por causa deste compromisso foram até a morte (...)".
Trata-se, pois, de uma aliança popular, de um pacto por fazer tudo que estiver ao alcance, como indivíduo e como ser social, para levar adiante a reivindicação de direitos e a esperança por um mundo realmente humano e fraterno. É a força e a importância do anel de tucum, que se carrega no dedo e, principalmente, no coração, no cotidiano de nossas vidas...
Eram diversos e variados os rituais para celebrar uma aliança. Os mais simples eram: apertar a mão um do outro, dar um presente, trocar de veste ou de armas.
Conforme a tradição bíblica, Deus celebrou várias alianças com seu povo ao longo da história, culminando na pessoa de Jesus de Nazaré. Desde então os seus seguidores e seguidoras passaram a falar em antiga e nova aliança. Assim como a antiga aliança foi constituída pelo sangue dos animais sacrificados (Êxodo 24.8), a nova aliança foi constituída pelo sangue de Jesus Cristo (Hebreus 9.11-20; 10.1-18).
No rastro dessa tradição, renasce o simbolismo da Aliança no Anel de Tucum, extraído de uma palmeira da Amazônia, cheia de espinhos, o símbolo do compromisso e da aliança com as causas das pessoas oprimidas, excluídas e marginalizadas - e suas lutas por libertação.
Foi na década de 70 que o CIMI (Conselho Indigenista Missionário) adotou e divulgou o Anel de Tucum, hoje usado no mundo inteiro por quem assume a luta pelas causas populares, misturando-se com a sorte dos pobres da terra.
As causas de ontem se encontram com as causas de hoje. Nossas lutas mudaram de cenários e nomes e as pessoas pobres ainda continuam excluídas e oprimidas. Por isso, o anel de Tucum quer simbolizar uma fé engajada, um compromisso com as pessoas pobres, com as pessoas sem voz e sem vez, um compromisso com a VIDA!
Jesus nos revela que Deus está ao lado das pessoas pobres e quer promover sua dignidade, no rosto da pessoa pobre encontramos o rosto de Deus. “Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizeste” (Mateus 25.40). Portanto, se nos comprometemos às causas dos preferidos e preferidas de Deus é com Ele que nos comprometemos!
Esse símbolo foi bem escolhido, pois assim como é penoso fazer o anel de tucum, também é árdua a luta por dignidade, vida, esperança e paz.

Fonte: Facebook


sábado, 2 de novembro de 2019

Sobre morte, velório e sepultamento.




Assisti esta madrugada, quase que por acaso, uma entrevista conduzida por Bial com três pessoas marcantes sobre morte e sepultamento: a presidente do sindicato dos agentes funerários, uma tanatopraxista – trata-se da pessoa que maquia o morto para que tenha uma aparência mais agradável durante o velório – e um coveiro, um senhor negro, já de certa idade, e que assumiu a profissão após ter estado desempregado por algum tempo.
Pois foi este último personagem quem mostrou maior respeito pelo morto. “Se eu não respeitar o morto, como vou querer que respeitem o meu corpo quando for a minha hora?”
Achei que, entre os entrevistados, deveria ter havido também um pastor ou uma pastora. Teriam trazido outros aspectos ao tema.
Porém, a palavra “coveiro” mexeu comigo. Ainda existem coveiros? E o que fazem?
Minhas lembranças correram ao passado. Como pastor, celebrei inúmeros sepultamentos. Os primeiros tiveram sempre o trabalho de coveiros, daqueles de abrir a cova com sete palmos de profundidade e depois cobrir o caixão com terra, pá após pá. Isso demorava um tanto. Por isso, a comunidade cantava vários hinos seguidos.
Era marcante como, às primeiras pazadas, a família enlutada desatava em choro compulsivo. Contudo, o choro diminuía à medida que o caixão era coberto, até que, ao final, quando as pessoas que acompanhavam a cerimônia cobriam o canteiro com flores, se reduzia a alguns soluços engasgados.
Sempre entendi que o tempo de se fechar a cova dava tempo de as pessoas enlutadas absorverem o fato irreversível da morte. Haviam tido tempo pra curtir aquela realidade.
Fiquei surpreso quando ouvi pela primeira vez a palavra “carneira”. Sim, o sepultamento seria em “carneira”, já toda feita de alvenaria, aberta apenas na parte superior. Os coveiros eram agora também pedreiros. Custei a entender que a “carneira” era a “comedora de carne”. O caixão era depositado naquela estrutura, que era coberta com lajes, cimentadas na hora, depois do que se depositavam sobre elas as flores. Ainda se cantavam vários hinos.
Não demorou para que as lajes fossem apenas colocadas sobre a cova, e que as flores logo fossem colocadas ali. Os coveiros-pedreiros cimentariam as lajes depois que as pessoas já tivessem saído do cemitério. Cantava-se bem menos, e tudo era mais rápido.
Um pouco mais tarde, a carneira se transformava numa gaveta, com abertura na sua parte inferior, para que, por ali se introduzisse o caixão. Alguns tijolos fechavam a abertura rapidamente. Já não se jogava mais terra sobre o caixão. Agora eram pétalas de rosas brancas. O canto era mínimo.
Hoje é marcante a beleza e da pompa teatral da moderna cremação. Palco, cortinas que se fecham, música cinematográfica.
Penso que essa evolução pretendeu ocultar cada vez mais a morte, embelezá-la, torná-la menos feia e dolorida. Pergunto-me se é assim mesmo para as pessoas enlutadas, ou apenas para as pessoas que se sentem na obrigação de estar lá e assinar o livro de presença.
Para as pessoas enlutadas, o tempo de curtir a morte diminuiu até praticamente desaparecer. A dor, o choro, o luto, ficam tanto mais para depois, quando se percebe que “naquela mesa tá faltando ele, e a saudade dele tá doendo em mim”. Aliás, essa é a hora de a gente ir visitar as pessoas enlutadas, talvez uma semana depois do sepultamento.
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Também os velórios mudaram. Já não são mais nas casas dos falecidos. Quando ainda o eram, havia convívio quase que de festa. Café, sanduíches, chimarrão – lá na cozinha, uma garrafa de pinga, especialmente de madrugada, quando se contavam causos do falecido, enquanto seus familiares eram postos a dormir.
Vale lembrar o belo conto de Jorge Amado, “A Morte e a Morte de Quincas Berro D’água”. Não sei se ainda, mas, em alguns lugares do Centro-Oeste, os amigos vão ao velório para “beber o morto”. Há um quê de festa nisso tudo.
Hoje, nos necrotérios, a porta é trancada durante a noite, e os familiares vão dormir em casa. Alegam-se riscos de assalto. E o defunto fica a curtir uma solidão antecipada.
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Mudaram os costumes. Porém, não mudou a morte. De nada adianta aos vivos enfeitá-la e fazer de conta que ela só existe para os outros. Ela é a triste única certeza. Há que assumi-la e abraçar com carinho os que ficam chorando ou sofrendo, calados, a perda de quem se foi.

Fonte: Facebook