segunda-feira, 30 de março de 2020

PAI NOSSO


Pai nosso, que estás nas flores,
no canto dos pássaros, no coração a pulsar;
que estás na compaixão, na caridade,
na paciência e no gesto de perdão.

Pai nosso, que estás em mim, que estás naquele que eu amo,
naquele que me fere, naquele que busca a verdade.

Santificado seja o Teu nome por tudo 
o que é belo, bom, justo e gracioso.

Venha a nós o Teu reino de paz e justiça,
fé e caridade, luz e amor.

Seja feita a Tua vontade,
ainda que minhas rogativas prezem mais o meu orgulho
do que as minhas reais necessidades.

Perdoa as minhas ofensas, os meus erros, as minhas faltas.
Perdoa quando se torna frio meu coração.

Perdoa-me, assim como eu possa perdoar
àqueles que me ofenderem,
mesmo quando meu coração esteja ferido.

Não me deixes cair nas tentações
dos erros, vícios e egoísmo.

E livra-me de todo o mal, de toda violência,
de todo infortúnio, de toda enfermidade.
Livra-me de toda dor, de toda mágoa e de toda desilusão.

Mas, ainda assim,
quando tais dificuldades se fizerem necessárias,
que eu tenha força e coragem de dizer:
Obrigado, Pai, por mais esta lição!"

Que assim seja!

Auto desconhecido

domingo, 22 de março de 2020

CONFIANÇA



Salmo 27.5
Em tempos difíceis, ele me esconderá no seu abrigo. Ele me guardará no seu Templo e me colocará em segurança no alto de uma rocha.

2 Coríntios 12.10
Eu me alegro também com as fraquezas, os insultos, os sofrimentos, as perseguições e as dificuldades pelos quais passo por causa de Cristo. Porque, quando perco toda a minha força, então tenho a força de Cristo em mim.

O salmista sente-se pressionado e atacado de todos os lados. Sua impressão é de que será engolido com pele e cabelos. Ele se sente sozinho, sem ajuda e em total abandono. E mesmo assim ele se mantém surpreendentemente sereno. Nada pode lhe acontecer. Deus está ao redor dele. É surpreendente esta calma! Mas, ela se baseia na experiência. Deus o encobre como um abrigo e não o entrega aos inimigos. A mesma experiência faz também Paulo. Na aparência ele é o perdedor. Está preso e é maltratado. E apesar disso, ele diz: Na minha fraqueza sou forte. Algo semelhante ouvimos de pessoas que, em razão de sua fé, são perseguidas em nosso tempo. Elas suportam maus-tratos no corpo e na alma. O que elas sofrem as faz terem prejuízos corporais. E mesmo assim, sentem-se carregadas por Deus. Deus conhece o seu sofrimento. Justamente isso as fortalece. Elas dizem: sinto que Deus está próximo a mim. Isso me dá forças. Deus está em minha volta, aconteça o que acontecer. Ainda que a vida me traga dificuldades, Deus está presente. Ele me fortalece. Eu experimento como Deus se importa comigo. Isto me dá coragem e confiança, também para enfrentar o dia de hoje. Deus, minha luz e salvação! Eu confio em ti nos medos de minha vida. Graças que tu não me deixas só.

(Tradução de Licht und Kraft – Losungskalender 2020).
Compartilhado pelo casal Marli e Elpídio Hellwig

domingo, 8 de março de 2020

Muheres




"A minha avó dizia-me que quando uma mulher se sentisse triste, o melhor que podia fazer era entrançar o seu cabelo; de modo que a dor ficasse presa no cabelo e não pudesse atingir o resto do corpo. Havia que ter cuidado para que a tristeza não entrasse nos olhos, porque iria fazer com que chorassem, também não era bom deixar entrar a tristeza nos nossos lábios porque iria forçá-los a dizer coisas que não eram verdadeiras, que também não se metesse nas mãos porque se pode deixar tostar demais o café ou queimar a massa. Porque a tristeza gosta do sabor amargo.

Quando te sintas triste menina- dizia a minha avó- entrança o cabelo, prende a dor na madeixa e deixa escapar o cabelo solto quando o vento do norte sopre com força. O nosso cabelo é uma rede capaz de apanhar tudo, é forte como as raízes do cipreste e suave como a espuma do atole.

Que não te apanhe desprevenida a melancolia minha neta, ainda que tenhas o coração despedaçado ou os ossos frios com alguma ausência. Não deixes que a tristeza entre em ti com o teu cabelo solto, porque ela irá fluir em cascata através dos canais que a lua traçou no teu corpo. Trança a tua tristeza, dizia. Trança sempre a tua tristeza. 

E na manhã ao acordar com o canto do pássaro, ele encontrará a tristeza pálida e desvanecida entre o trançar dos teus cabelos…" 

Rui Sá



quinta-feira, 5 de março de 2020

Quaresma



40 dias

A festa acabou. Foi boa a festa. A alegria tomou conta da cidade. Carnaval é a explosão máxima da alegria coletiva. Mas a festa acabou.

Começa um novo tempo, um tempo de purificação, de reflexão, de preparação e de partilha. Não, não é por arrependimento pela festa. Fosse só isso, bastaria sentar nas cinzas na quarta-feira, como fez o rei de Nínive na história de Jonas. Porém é mais.

Quaresma é tempo de purificação, reflexão e preparação para receber aquele que vem a nós na Cruz e na Ressurreição, na Sexta-feira Santa e no Domingo de Páscoa. Aí, sim, vale  o grito de João Batista: “Voz do que clama: No deserto preparai o caminho do Senhor, endireitais as suas veredas!”.

Nada melhor para preparar o caminho e endireitar as veredas do que o jejum. Só que jejum não é dieta, não é regime para emagrecer. Jejum é solidariedade. O que deixo de comer, ou o que deixo de gastar com qualquer outra coisa sobra para ser dado a quem nada tem. Abro mão de algo que é meu para dá-lo a quem pouco ou nada tem. É prática do Reino de Deus.

São só 40 dias. Deveria ser o tempo todo, para que ninguém passasse fome ou qualquer tipo de necessidade. Porém, são 40 dias para experimentar uma nova prática de vida.

E com uma vantagem. É só contar os dias entre Quarta-feira de Cinzas e Domingo de Páscoa para notar.  O jejum só conta de segunda a sábado. O domingo não pode ser dia de jejum, pois é o dia que nos lembra da Ressurreição do Senhor. Domingo, mesmo na Quaresma, é dia de alegria, dia de festa, dia sem jejum.

Pela tradição judaica, o dia começa no fim da tarde. Digamos que lá pelas 18 h. Assim, os 40 dias cumprem sempre intervalos entre as 18 h de domingo e as 18 h do próximo sábado. No espaço entre 18 h de sábado e 18 h de domingo, porém, não há jejum.

Só não dá pra esquecer: o jejum verdadeiro é o que dá ao pobre aquilo que se deixou de consumir.

P. Carlos Arthur Dreher - março 2014