domingo, 24 de dezembro de 2017

NASCIDO DA VIRGEM MARIA



Uma garota fica grávida sem ter relação com um homem. É virgem e vai ser mãe. Depois de muitas dúvidas, pesadelos e mensagens de anjos, o carpinteiro José toma essa garota grávida como sua esposa. Também assume a paternidade da criança que vai nascer (Mateus 1.18-25).



Dizem os evangelistas que Maria engravida por decisão divina, pela força de Deus que chamamos Espírito Santo.

Sinceramente, a virgindade de Maria nunca nos interessou do ponto de vista biológico, do ponto de vista médico. Sempre sabíamos que os evangelistas que escreveram a história da Maria eram poetas, não ginecologistas. Ao mesmo tempo, sempre levamos a mensagem dessa história muito a sério e perguntamos o que ela quer dizer-nos. Entendemos que ela expressa a visão de uma nova convivência das pessoas, de um relacionamento humano novo, que brota da fé; entendemos que ela expressa um relacionamento que não é determinado pelo domínio de uns sobre os outros, muito menos pelo domínio de homens sobre mulheres.


Na língua que os evangelistas falavam, o Espírito de Deus é do gênero feminino. Quando dizem que o menino da manjedoura nasce da força desse Espírito, eles querem dizer: NA ESTREBARIA DE BELÉM INICIA ALGO TOTALMENTE NOVO. Novo, porque corresponde à vontade de Deus. Trata-se de algo tão novo que não brota de uma força masculina, por exemplo, dos soldados romanos que dominavam a terra de Maria e José e que organizavam a sociedade pelo poder da espada. A história do Natal anuncia uma nova realidade, que não se baseia no poder dos patriarcas que apoiavam o mais forte que derrota o mais frágil; a história de Maria contesta o heroísmo dos vencedores que pisam nos vencidos. Por isso, Maria louva e canta: “Deus derruba dos seus tronos os reis poderosos e põe em altas posições os humildes” - Lucas 1.52 – Somos convidados a cooperar com o Menino da Manjedoura a concretizar essa visão de Maria.

A virgindade de Maria desmente a ideia de que todas as estruturas devem ter um homem poderoso no comando, pois a sua gravidez não precisou de nenhum homem para gerar o que é novo. 

Essa bela história de Natal também derrota a ideia de que cada estrutura familiar precisa ter um homem que fecunda e uma mulher que é fecundada. O relato dos evangelistas dá importância e lugar a José somente depois, quando Maria já está grávida, e quando é hora de cuidar carinhosamente dela e da criança que está por vir.

A forma como os evangelistas contam a história do Natal traz um conforto carinhoso às famílias que tem estrutura não convencional, não costumeira, não clássica; dá consolo às famílias que vivem uma estrutura familiar diferente do tripé clássico: Pai, mãe e filhos. Ela dá razão a uniões variadas, com ou sem filhos. O que importa é o carinho, o aconchego, o cuidado de uns pelos outros, o bem querer.

A história de Maria traz uma notícia animadora às pessoas que vivem o sonho de uma convivência social nova; uma convivência social que abdica da divisão entre vencedores e vencidos, entre dominadores e dominados, entre merecedores e não merecedores. Ela traz uma notícia animadora também para pessoas que vivem modelos familiares que não são os modelos tradicionais. Essas pessoas estão em boa companhia. Elas estão na companhia da família nada convencional que é constituída pela garota Maria, que engravida fora do casamento, pelo carpinteiro José e pelo menino Jesus.



Silvio Meincke e Maike S. Ulrich
Dezembro de 2017




quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

São Nicolau de Mira - 6 de dezembro




Segundo a tradição, São Nicolau nasceu em Patara, na Lícia, atual Turquia, entre os séculos III e IV. Após a morte dos seus pais, Nicolau herdou uma grande fortuna, que começou a distribuir entre os pobres. Ele se empenhou em ajudar secretamente, para que ninguém pudesse agradecer-lhe.

Quando, no reinado do imperador Diocleciano (284-305) começou a perseguição da Igreja, já eleito bispo da cidade de Mira, São Nicolau foi encarcerado. Felizmente não sofreu o martírio. O novo imperador Constantino deu aos cristãos o direito de confessar abertamente a sua fé.

São Nicolau faleceu já bem idoso no séc. IV. É padroeiro da Rússia e é celebrado no dia 6 de dezembro. É também padroeiro das crianças, dos estudiosos, das virgens, dos marinheiros e mercadores. 

Diversas lendas são contadas a seu respeito. Em uma delas, certa vez ele teria dado presentes secretamente às três filhas de um homem pobre, que por não poder lhes dar dotes para seus respectivos casamentos, estava para abandoná-las à prostituição. Em outra, teria salvo as crianças da cidade de Mira. Numa época de grande escassez de alimentos na região, navios que transportavam cereais não conseguiam chegar ao porto da cidade, porque piratas bloqueavam a passagem. Os piratas permitiriam a passagem dos navios, se a população de Mira lhes entregassem seus filhos, que seriam vendidos como escravos. A alternativa era encher um bote com ouro. Ao saber disso, o bispo Nicolau ordenou que retirassem todo ouro e toda a prata que houvesse nas igrejas da região, o que foi feito. Encheu-se o barco, as crianças estavam livres, e os barcos com os cereais puderam atracar.

Conta-se também que, durante aquela carestia, Nicolau saía à noite para repartir sua comida com os pobres, ficando muitas vezes sem comer para minorar a fome dos outros.

Destas histórias se originou o costume de dar presentes na véspera do dia de Natal. Nicolau, celebrado no dia 6 de dezembro, passou a ser personificado como um bom velhinho que saía a distribuir presentes para os pobres na noite de 24 de dezembro, movido por sua fé em Jesus Cristo. Dava presentes necessários para as pessoas, querendo dar-lhes a boa notícia de que Jesus se dera a toas as pessoas, para salvá-las, por amor. 

Da Turquia, a tradição de São Nicolau se espalhou para a Rússia, depois para a Europa Central, onde, na Holanda, passou a ser conhecido como Sankt Niklas. Em alguns dialetos, as pessoas diziam Santa Claas, nome usado até hoje na América do Norte. Na França, ficou conhecido como  Père Noël , “Papai Natal”. É daí que surge o nosso Papai Noel, que até hoje veste roupas antigas de bispo.

Infelizmente, São Nicolau foi totalmente transformado pelo Papai Noel da Coca-Cola. 

P. Carlos Arthur Dreher