quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Ser Pai é... ser Pai!



No ano de 1993 fomos à Venezuela, Gaby com oito anos, Daniel com seis, Regina, a Mãe dos meus filhos e eu. Fomos enviados pela IECLB para trabalhar na Iglesia Evangélica Luterana en Venezuela, para um contrato de seis anos. Em 1995, nas voltas que o mundo dá, a Mãe dos meus filhos e eu nos separamos. Ela foi viver na Austrália e as crianças ficaram comigo, só nós três, sem avós, sem tios, madrinhas e, num país longe de toda parentela.  E agora, o que fazer? A IECLB ofereceu a possibilidade de voltar e atuar na nossa Igreja no Brasil. Mas também tínhamos o desejo de cumprir com o envio e o chamado de Deus para trabalhar naquele País que tão bem nos aceitou. Dependíamos da IELV (Igreja Luterana na Venezuela) se podíamos ou não continuar por lá. Ao comunicar o fato do divórcio, ficou uma grande dúvida: o que esperar?Como reagiriam os membros, os demais Obreiros da Igreja, o Presbitério? De maneira surpreendente a IELV, através do seu Conselho Diretor e a maioria dos membros disseram que gostariam muito que nós continuássemos.  Lembro como se fosse hoje, após comunicar a decisão da separação, a Senhora Viviene de Ramirez, Tesoureira da Igreja disse: “Pastor, tantas vezes pedimos que você orasse por nós, por nossos filhos, pelas nossas famílias; agora nós vamos orar por ti, seus filhos e sua família”. Ainda hoje quando me lembro desse fato fico emocionado. Como foi bom sentir o apoio de tantas irmãs e irmãos. Também algumas críticas do tipo: “Mas como, um Pastor divorciado?” 


Mesmo com alguns poucos preconceitos, pude sentir o que é ter a Igreja junto da gente, a Comunidade apoiando, os colegas de Ministério dando sempre a maior força. Pude sentir o que é ser Pai. No dia das Mães a Comunidade também me saudava e presenteava. Eu ficava até orgulhoso.  Mas aos poucos descobri que eu devia ser Pai. Afinal ser Pai é...  ser Pai. Eu imaginava que tinha algumas poucas habilidades maternas. Mas eu sabia que só podia ser Pai. E ser Pai já era o suficiente. Caso eu cumprisse bem essa tarefa de Pai, tinha certeza que poderia olhar sempre meus filhos de cabeça erguida. Orgulhoso por cada conquista e, principalmente porque a Gaby era uma excelente filha e o Dani um maravilhoso filho. E eu, bem eu era Pai. Errava, acertava, mas juntos levávamos uma vida de família. Cada qual orgulhoso pela tarefa que recebemos de Deus.

Um ano depois do divórcio, a Igreja da Venezuela me elegeu Pastor Presidente. O contrato de seis anos foi prorrogado para 10 anos. Voltamos ao Brasil. E três anos e quatro meses depois da volta ao Brasil o Sínodo Planalto Rio-Grandense me deu a honra de ser o Pastor Sinodal. E os filhos? Bem, eles também me deixam muito orgulhosos. A Gabriela é Assessora de Comunicação da Universidade Latino Americana de Foz do Iguaçu e o Daniel é Desenvolvedor de Sistema em Passo Fundo. 

Vivemos muitos bons momentos juntos e as dificuldades enfrentamos unidos. Hoje vivo um outro momento. Estou a um ano casado. Sonja e eu pensamos em adotar uma criança. È ainda um sonho que colocamos nas mãos de Deus.  

Deus me deu muitas tarefas. Muitas consegui cumprir, em outras falhei. Mas a missão mais surpreendente, a conquista mais extraordinária que consegui levar adiante foi a da paternidade responsável. Pois ser Pai é mais do que cumprir um papel dentro da família e da sociedade. Para ser Pai, não precisei ser um grande e importante homem, o verdadeiro Pai é aquele que cumpre o papel nos seus mais profundos sentimentos: pelo afeto, pela sintonia, pelo amor, por Deus, por ser filho, por ser Pai.
Pastor João Willig

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