sábado, 31 de outubro de 2015

MULHERES DA REFORMA - Argula von Grumbach

Argula von Grumbach
Argula von Grumbach

Argula von Stauff nasceu em 1492 em Beratzhausen (Baviera) como filha de Bernhardin von Stauff e Katharina Thering, pertencentes a famílias nobres empobrecidas. Ainda menina, foi enviada à casa do Regente da Baviera Alberto IV para receber formação nobre com as três filhas do regente, segundo costume da época. Aos dez anos, recebeu do pai um presente raro e caro para a época: uma Bíblia. Seus pais faleceram em 1509 vítimas da peste. Em 1515 ela se casou com Friedrich von Grumbach, de família nobre da região da Francônia.
Em 1522 foi proibido na Baviera ler ou mesmo discutir qualquer texto ou ensinamento de Martim Lutero. Na Universidade de Ingolstadt, o jovem mestre Arsacius Seehofer é forçado a se retratar publicamente devido aos seus pensamentos luteranos/reformatórios, sendo banido para o monastério mais próximo. O episódio é narrado por Argula von Grumbach que desde pequena lia a Bíblia e estava por dentro dos pensamentos reformatórios.
Em 7 de setembro de 1523 ela escreve uma carta à direção e aos professores da Universidade de Ingolsadt e outra ao Regente Guillherme da Baviera. Pessoalmente, entretanto, ela não recebeu nenhuma resposta. Mas o poder político reagiu e seu marido, que era católico, perdeu o emprego. Ele era uma espécie de governador de Dietfurt, uma região da Baviera. Os argumentos para que o marido de Argula perdesse o trabalho foram: “Ele não foi capaz de impedir que a sua esposa escrevesse, enviasse e publicasse cartas defendendo ideias reformatórias”.
Argula von Grumbach é reconhecida, a partir de pesquisas históricas, como a primeira escritora protestante. Ela escreveu cartas que foram publicadas, tipo panfletos, defendendo o ideal da Reforma Protestante com conhecimento teológico e citações bíblicas. E, desta forma, também entrou em conflito com os poderes da sua época. Foram publicadas oito cartas de sua autoria, escritas provavelmente entre setembro de 1523 e outono de 1524. Ela também manteve correspondência e conversas pessoais com os reformadores. Martim Lutero a reconheceu como “um instrumento especial de Cristo”.
A Igreja Territorial da Baviera criou, há pouco tempo, uma fundação com o nome de Argula von Grumbach, com o objetivo de promover direitos iguais para mulheres e homens, bem como auxiliar nas discussões sobre as questões de igualdade e justiça de gênero no contexto da igreja e da sociedade.Esta importante mulher da reforma nos estimula a ouvir as vozes das mulheres de nossa Igreja e de nossos contextos.

Pa. Dra. CLAUDETE BEISE ULRICH *
FONTE: JORNAL O CAMINHO

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