domingo, 27 de março de 2016

PÁSCOA: O VIVO VINDO DE ENTRE OS MORTOS



A Páscoa é uma explosão de alegria. E uma profusão de futuro. As mulheres, que se dirigiram ao túmulo de Jesus para embalsamá-lo, encontram o túmulo vazio e ouvem a mensagem angelical: “Por que procuram entre os mortos aquele que vive.” Não que Jesus não tivesse estado entre os mortos. O Credo Apostólico contém entre as suas confissões também esta: “Desceu ao mundo dos mortos.” O amor de Deus não seria verdadeiramente universal se não abrangesse também os mortos.

No entanto, Jesus já não se encontra mais entre os mortos. Com ele, há uma impressionante irrupção da vida em meio à realidade sofrimento, mal, injustiça e morte. Coisas absolutamente inusitadas começam a ocorrer. Começa pela fantástica dignificação das mulheres. Seu testemunho, na cultura e no sistema da época, não tinha validade legal. Elas não eram consideradas confiáveis. Pois são elas as primeiras testemunhas da ressurreição de Jesus. E passam a proclamá-la, o que deixou os discípulos diante de extraordinário desafio: “Vocês, homens, escutem as mulheres. Abandonem os preconceitos estabelecidos e acreditem na palavra delas.” Que exortação chocante! Que exortação libertadora! Maravilha de Deus!

Páscoa é também uma radical mudança de perspectiva. Não ter mais o olhar voltado para trás, mas sim para frente. Coisas novas e surpreendentes poderão continuar acontecendo. Não que o mundo todo tenha se transformado em bom. As causas da dor, a crucificação de Jesus, ainda estão bem presentes. Ainda hoje, é óbvio, há desigualdades, também conspirações, artimanhas políticas e incursões militares. Há injustiças e violências. O mal não desapareceu como que por milagre. Mas o olhar de quem passa a crer percebe agora o que está por vir: a justiça de Deus, o reino de Deus. Assim, discípulos atormentados e desesperados, recebem novo ânimo. Quem crê na ressurreição de Jesus já não se perde na desesperança, não se deixa levar pelo desânimo, não se resigna com o mal. Mas encontra uma inusitada liberdade para viver a esperança, testemunhar a fé e ser instrumentos do amor, sempre pronto a olhar ao redor, para detectar quem mais sofre, quem mais padece necessidades, quem mais está subjugado por injustiças, que mais carece de fé.
Daí a alegria pascal.


P. Walter Altmann - março 2016



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